ESCREVIVÊNCIAS DE UM ARTISTA NEGRO AMAZÔNICO – INSURREIÇÕES CONTRA OS RACISMOS – ÉTICA, ESTÉTICAS E POLÍTICAS CONTRACOLONIAIS
Subjetivação. Escrevivências. Arte. Negritude. Memórias.
O objeto deste trabalho são as práticas artísticas e de escrita de si pelas escrevivências negras amazônicas como forma de resistências aos racismos como movimento ético, estético e político. Pergunta-se: quais memórias e histórias se entrecruzam nos percursos de pessoas negras na escolarização e na universidade como política afirmativa que traz tensões diversas, porém, abre campos de direitos e subjetivações que criam passagens inventivas de novos mundos? Que dramáticas foram experienciadas por estudantes negros na (des)formação dos sistemas de ensino e as práticas artísticas deram possibilidades de devir diante dos racismos vividos no cotidiano das reações sócio-afetivas e institucionais se tornam escrivências negras como dispositivo de produção da diferença e estilo de existência da vida como obra de arte? Esta pesquisa justica-se pela ausência de trabalhos a respeito das táticas de resistências de estudantes negros(as) pela arte na Amazônia como modo de criar para si corpo sem órgãos e fazer da própria existência uma vida afirmativa de lutas e inventividades enquanto prática contracolonial. Este trabalho tem impacto no enfrentamento aos racismos na educação e no cotidiano bem como nas políticas públicas e em um conjunto de áreas do conhecimento. A metodologia é um percurso e trajetória que se inscreve por meio do caminhar da cartografia da escrita de si pelo diário de campo, pela escuta das memórias e a transformação das mesmas em escrivências em lentes em perspectiva da microhistória com os usos de algumas estratégias da genealogia, tais como: insurgência dos saberes sujeitados e ativação dos saberes locais. Entre os resultados iniciais, é possível delinear que a produção artística de uma pessoa que vivencia o tornar-se negro ao se deparar com racismos faz coletivos como a formação de um bando e uma potência de multidão nas encruzilhadas que fazem aberturas onde parecia não existir possibilidade de transformação das práticas cotidianas extremamente cristalizadas pelo racismo institucional e estrutural.